terça-feira, 9 de abril de 2013

Primeira vez mãe #6


Desde há uns anos atrás que se ouve falar bastante no tema das células estaminais. Passámos, inclusivé, uma época em que todas as grávidas famosas promoviam os bancos privados de células estaminais, o que ainda "puxava"mais o assunto.
Neste momento, e já não sendo novidade, não se fala tanto do tema, mas é certinho que é um assunto de preocupação dos pais, antes do nascimento da mini-pessoa.
Não conheço muitas pessoas que tenham optado por esta solução (pelo menos pelos bancos privados) e não conheço mesmo ninguém (felizmente) que tenha tido necessidade de recorrer às células da criopreservação, por isso a minha opinião baseia-se apenas na teoria.
Naturalmente que optar pela solução privada tem as suas vantagens óbvias. É uma tranquilidade para os pais saberem que aquelas célulazinhas estão ali guardadinhas, não vá o diabo tecê-las.
Pessoalmente, acho que a solução pública faz muito mais sentido. A ideia de criar um banco internacional de células estaminais, em que, assim que entregamos as células do nosso bebé, automaticamente perdemos o contacto com as mesmas, mas ao mesmo tempo ficamos com toda uma base de dados à disposição, é bastante mais autruísta e, ao mesmo tempo, egoísta. Sim, porque não há 100% de garantias que as células guardadas, mais tarde, sejam viáveis e, ao recorrer ao banco internacional, automaticamente estão a aumentar a probabilidade de encontrar células estaminais viáveis.
Para mim fez mais sentido optar pela segunda solução, e porque adoro o ideal de inter-ajuda e colaboração, em grande escala. Acredito que, desta forma, funcionamos melhor enquanto comunidade, sociedade, planeta, universo e por aí em diante. Mas também sou realista o suficiente para saber que ainda nos falta muito para conseguirmos "meter essa máquina a funcionar".
Na penúltima consulta de obstetrícia, o médico levantou o tema e, apesar de já ter a minha decisão tomada, quis perceber a opinião do obstreta mais fofinho do planeta inteiro. Ao que parece há mesmo muita gente a optar pela solução pública. Tanta mas tanta, que neste momento já não existe capacidade de resposta e as células encontram-se guardadas em armazéns, no Porto. Ora, assim também não!
Para além disso, na opinião do médico e do IPST (Instituto Português do Sangue e da Transplantação), à luz dos conhecimentos científicos atuais, a preservação do sangue do cordão umbilical não se justifica. Sim, é verdade que, atualmente, há mais de 80 doenças que podem ser tratadas, através do sangue do cordão umbilical, contudo a possibilidade de uma criança contrair uma dessas doenças é demaisado baixa (<1 para 50.000), para justificar tal medida. Adicionalmente, é esperado que daqui a uns anos, já exista capacidade para reproduzir, em laboratório, o correspondente ao conservado atualmente e apenas se tal se justificar.
Ora assim sendo, decidi não avançar com nenhuma medida. Primeiro, e no que diz respeito aos bancos privados, estes não podem dar nenhuma garantia que as células sejam viáveis, nós não temos garantia de controlo de qualidade, financeiramente é um custo elevado e estes bancos também recebem sérias críticas, em termos de considerações éticas. Em segundo, porque tendo conhecimento da sobrelotação do banco público português e dos avanços que estão a ser feitos nesta área, não considero, de todo, uma boa opção.
Ora, então que ficámos na mesma, mas nada como tomar uma decisão e sentir que foi tomada de forma consciente!

2 comentários:

  1. Só bancos públicos, os privados são uma mentira.

    http://www.elmundo.es/elmundosalud/2006/02/27/pediatria/1141053759.html

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  2. O problema é que o público, pelo menos em Portugal, não está a funcionar devidamente :(

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