quarta-feira, 29 de maio de 2013

O dia D

Capítulo VII

O chegar a casa veio acompanhado de um misto de sentimentos.
Por um lado estava desejosa de começar a adaptação à nossa nova vida, no nosso espaço.
Por outro lado, senti-me insegura. No hospital tinha um apoio que me fazia sentir sempre segura, por existir sempre alguém disponível 24 horas para nos apoiar. Em casa não. Houve momentos em que me apeteceu voltar para o hospital.
No hospital tive alguns episódios em que o descontrolo hormonal era evidente, mas nada que se aproximasse do que se passou, nos primeiros dias, em casa. Começou logo no momento em que entrei em casa e encontrei a casa recheada de miminhos. Desde balões, uma faixa de boas vindas, balões com mensagens, prendas. Não faltava nada. Claro que deu em choradeira imediata. Esse dia e os dois a seguir foram os mais difíceis. Nem o descontrolo hormonal da gravidez se aproximou desta tempestade emocional que estava a viver. Chegaram a ser ridículos alguns dos motivos que me fizeram perder o controlo e desatar numa choradeira.
Pedimos para não termos visitas no primeiro dia, apesar de ser domingo e estar tudo desejoso de o fazer. Tivemos muitas visitas no hospital e sentimos que precisavamos de tempo para estarmos os três. Assim foi, mas após a primeira noite tudo mudou. O T. sofreu o embate da primeira noite e ficou completamente arrasado. Eu já tinha passado por isso na primeira noite, ainda sob o efeito da cirugia e, mesmo assim, notava uma melhoria enorme de noite para noite. No dia seguinte era evidente que iamos precisar de toda a ajuda possível. Claro que a minha família amou a ideia e unidos como somos, não demorou muito para termos a casa invadida de gente. Só fiz uma exigência: organizem-se porque quero toda a gente cá, mas não ao mesmo tempo. Isso aconteceu no primeiro dia no hospital, depois da C. nascer e senti que não foi bom nem para mim, nem para ela, tanta confusão. Este apoio foi essencial. Permitiu-nos adaptar duma forma menos violenta, descansar durante o dia porque ficavam a tomar conta dela, entre mamadas, não precisámos de nos preocupar com comidas, roupas, etc. Sim, foi duro à mesma, mas sem o apoio da família tinha sido tudo muito mais difícil.

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